Construir soluções coletivas é o desafio para o desenvolvimento sustentável, apontam químicos
Mauá, setembro de 2018 – As organizações precisam
desenvolver projetos coletivos, em parceria com a cadeia de valor, o governo, a
sociedade e demais setores produtivos, para construir soluções que tenham
escala e velocidade. Esta foi a mensagem do encontro “Práticas Sustentáveis no
Polo do Grande ABC”, realizado nesta quarta-feira (12/09), na empresa Oxiteno,
em Mauá. Organizado pelo Comitê de Fomento Industrial do Polo do Grande ABC
(COFIP ABC), o seminário recebeu lideranças de organizações químicas, petroquímicas
e entidades de classe para programação de palestras e apresentações de cases, com o objetivo de compartilhar as
melhores práticas de gestão em sustentabilidade do Polo Petroquímico.
Claudemir Peres, presidente do
COFIP ABC e gerente industrial da Oxiteno, abriu o encontro e disse que no meio
industrial é possível trocar boas práticas, aprender e colher os resultados de
maneira coletiva. Destacou o desafio do Comitê, que é promover o
desenvolvimento sustentável do primeiro Polo Petroquímico instalado no Brasil. Em
seguida, Fernando Figueiredo, presidente-executivo da Associação
Brasileira da Indústria Química (Abiquim), falou que o desenvolvimento
sustentável está no DNA da indústria química, cuja atuação é vetor de diversos
avanços. “Nós somos a ciência que mais contribuiu para o desenvolvimento
sustentável no planeta”, declarou.
Marina Mattar, diretora de
Relações Institucionais e Sustentabilidade da Abiquim, deu início às discussões
do encontro ao fazer uma abordagem sobre a sustentabilidade no setor privado, a
partir das dimensões empresarial,
territorial e global. Dentro de cada uma dessas dimensões, apontou critérios
sociais, ambientais e econômicos, que são base da sustentabilidade. Marina defendeu
que o desenvolvimento sustentável deve ser uma responsabilidade
compartilhada. “Não se trata de uma obrigação exclusiva da indústria, do
governo ou da sociedade, mas uma responsabilidade dos três atores, que precisam
manter um diálogo transparente para trocar informações e encontrar soluções conjuntas”,
apontou.
Indicadores – Yáskara Barrilli,
coordenadora-executiva do programa Atuação Responsável da Abiquim, programa
internacional desenvolvido no Brasil há 25 anos, destacou o compromisso da
indústria química com a melhoria contínua dos indicadores de performance em
saúde, segurança e meio ambiente. Levantamento
realizado pela associação entre 2006 e 2017 com as cerca de 120 empresas
associadas apontou redução de 27% na geração de resíduos, 68% na ocorrência de
acidentes durante o transporte rodoviário de produtos químicos e 16% no consumo
de energia elétrica.
Pelo segundo ano, o COFIP
ABC, agora com 13 empresas associadas, em 2017 eram 10, divulgou o levantamento
dos seus indicadores, análogos aos apresentados pela Abiquim, mostrando as
mesmas tendências da indústria química nacional. Todas as associadas
participaram voluntariamente desse levantamento, que monitora o tripé de
sustentabilidade – social, ambiental e econômico. “Os indicadores de
performance representam a principal ferramenta para o desenvolvimento da
indústria química, nos aspectos de segurança social, ambiental e econômica,
especialmente nesse Polo Petroquímico, que está localizado dentro de duas
cidades”, avaliou Francisco Ruiz, gerente-executivo do COFIP ABC.
Cases de sustentabilidade – O
encontro contou, ainda, com apresentação de cases.
Um deles foi da Oxiteno, representada por Lorena Brancaglião, gerente global de
Desenvolvimento Sustentável, que falou sobre diversas práticas adotadas pela empresa,
como a avaliação do ciclo de vida do produto, que permite direcionar a escolha
de novas matérias-primas e processos de tecnologias, com foco na redução de
impactos ambientais. Lorena também relatou case
de sinergia entre empresas: a Cabot investiu na instalação de uma caldeira de
recuperação de calor para utilizar os gases da chaminé da empresa, o que
possibilitou à Oxiteno a desativação de parte das caldeiras de geração de vapor,
com redução significativa da emissão dos gases de efeito estufa, além de ter
proporcionado à Cabot geração de energia elétrica para consumo próprio.
Depois Mario Leopoldo de
Pino Neto, gerente de Sustentabilidade da Braskem, falou sobre as práticas da
organização relacionadas a clima, água e energia, como a precificação de
carbono para a tomada de decisão por projetos que reduzam os impactos
ambientais. “Se um projeto gera mais emissões, eu atribuo um valor ao carbono e
o projeto fica menos viável”, explicou. Pino Neto abordou desafios
socioambientais no mundo e chamou atenção para a necessidade da construção de projetos
coletivos. “A organização que não se relacionar com outros setores produtivos,
governo e sociedade para buscar soluções em escalas diferenciadas talvez não
esteja aqui nos próximos 50 anos”, comentou.
Práticas comerciais
sustentáveis foram abordadas por Marcos Alberto da Silva Gallo, membro do
Comitê de Sustentabilidade da Cabot Brasil, que falou sobre a aplicação de
logística reversa em big bags, embalagens
fornecidas para transporte de produtos. Há 10 anos a empresa já realiza o
processo, mas iniciou há dois uma parceria com os clientes a partir da
conscientização de que o manuseio adequado daria maior vida útil às embalagens,
o que permitiu aumentar de 61% a 93% o índice de retorno no período. “Estamos
sem comprar big bags desde maio do
ano passado, sem alterar a qualidade de nossos serviços. Houve um intenso
trabalho no relacionamento e na compreensão da dinâmica do processo interno dos
clientes. O resultado só foi possível com a colaboração de toda a cadeia”,
afirmou. Marcos também ressaltou que a Cabot tem uso intensivo de água, mas é
considerada uma fábrica seca, pois reaproveita todos os seus efluentes no
processo industrial.
O evento “Práticas Sustentáveis no
Polo do Grande ABC” contou com o patrocínio das empresas ERM, Reconditec e
Suatrans, assim como o apoio da Oxiteno e da Abiquim.
SOBRE O COFIP ABC
O COFIP ABC – Comitê de
Fomento Industrial do Polo do Grande ABC – é uma entidade criada em 2015 com o
propósito de gerar sinergia entre as indústrias, o poder público e a
comunidade, em prol do desenvolvimento sustentável da região do Grande ABC/SP.
A instituição representa suas associadas em áreas específicas, ao promover
ações positivas e identificar oportunidades por meio de grupos técnicos.
Atualmente o Comitê possui 13 empresas associadas: Air Liquide, AkzoNobel,
Aquapolo, Bandeirante Química, Braskem, Cabot, Chevron Oronite, Liquigás, Oxiteno,
quantiQ, Supergasbras, Ultragaz e Vitopel, e o Plano de Auxílio Mútuo – PAM
Capuava – que é um departamento da instituição. Acesse www.cofipabc.com.br
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